Você se sentia desiludida, já não sabia mais o que fazer. A vontade de ver sua filha era enorme, até estava há alguns dias sem beber. Queria suas coisas, sua filha, sua vida de volta. Mas ficar em um lugar fechado, com muitas pessoas estranhas não fazia nenhum sentido. E quando poderia ver sua filha de novo? Ninguém te dava respostas sobre isso. Ninguém sabia como ajudar.
Você começou, então, a dormir nas redondezas da casa onde morava, e percebeu que a mulher que estava na casa ia para cuidar da criança quando André saía para trabalhar. Após alguns dias observando, Maria aprendeu a rotina nova da casa, os cuidados com Sol. Um dia, quando a cuidadora saiu para fumar na frente da casa, deixando Sol sozinha, você percebe que essa seria a sua deixa. No próximo intervalo em que ela deixa a bebê sozinha para fumar, você pula pela parte baixa que conhece do muro e sequestra sua própria filha. Por sorte, alguém apareceu no portão e ninguém ainda percebeu nada. A bebê está com você novamente e nada pode ser melhor que isso.
Sem ter para onde ir, você anda muito, nem sabe dizer o quanto andou. Está exausta. Dorme embaixo de um viaduto com sua filha, mas tudo está bem novamente. Ela está com você, você conseguiu pegar algumas poucas coisas dela e tudo parece que vai ficar bem. Um dia, no entanto, você é acordada por uma luz muito forte no rosto. É um policial. Ao lado dele está André, gritando pela Sol, que começa a tentar arrancá-la de seus braços.
Você se desespera.
Talvez, enfim, sua vida tenha acabado.